terça-feira, 19 de março de 2013

Crônicas vencedoras em concurso Literário!

Esse foi um dos contos que venci no Concurso Literário!


Vestido para Madrinha


Maria Inês tinha ficado muito intrigada com o convite para ser madrinha de casamento de Isabella, as duas eram amigas desde a infância, mas em algumas ocasiões ela achava Isabella sua melhor amiga, e em outras, achava que Isabella estava sempre querendo competir com ela, ou seja, a típica amizade entre mulheres.
Chegou até a pensar que Isabella a convidou para madrinha só porque sabia que ela estava acima do peso, gorda, fora de forma. Tinha acabado de voltar de uma viagem gastronômica da Itália, onde tinha passado um mês com seu noivo que estava lá a trabalho, e sabia que estava uns bons quilinhos extras.
Sua outra amiga a Angelina, tinha sido convidada também para o casamento, então lá foram as duas olhar lojas para escolherem os vestidos.
Maria Inês se encantou logo com um vestido azul violeta, de rendas, costas de fora, tafetá, lindo, um arraso! Pediu pra vendedora, que analisou Maria Inês com olhar de raio-x e decretou:
- Só tenho tamanho pequeno! Acho que vai ficar um pouco apertado pra você.
Maria Inês olhou pra vendedora com olhar fulminante e nem precisou dizer nada, a pobre da atendente saiu correndo e foi buscar o vestido.
- Vem Angelina, fecha aqui pra mim! E Maria Inês encolheu a barriga, segurou o ar, ficou roxa, mas era impossível fechar. Angelina querendo animá-la disse:
- Inês, este tá muito apertado pra você, tem tantos modelos bonitos! Que tal este vermelho, ou o preto, ou este rosa?
Maria Inês nem olhava os outros modelos direito, estava apaixonada pelo azul violeta. Mesmo assim resolveu experimentá-los, com o preto achou que se parecia uma Madre Querubina, o vermelho com uma toalha de mesa de cantina, o verde uma alface gigante, o rosa um pufe. Ao final ela se virou pra vendedora e disse:
 - Vou levar o azul violeta!
Angelina e a vendedora se entreolharam e perceberam que era melhor não dizer nada, Maria Inês estava loucamente decidida por aquele vestido.
Ao saírem da loja Maria Inês comunicou a Angelina:
- Amanhã começamos a academia, vamos passar lá agora pra fazer a matrícula. Eu vou caber nesse vestido até o casamento, você vai ver!
- Ta louca Inês? Eu não tenho tempo pra malhar e nem vontade.
Maria Inês se revoltou: - Que droga de amiga é você? Você tem que vir comigo pra dar uma força, pelo menos até o casamento você vai sim comigo. Todos os dias às 6h da manhã passo pra te pegar.
No primeiro dia da malhação Maria Inês passou pra pegar uma Angelina sonolenta e desanimada.A Academia dentro do shopping era muito bem equipada, foram apresentadas a um treinador, o Júnior que era encarregado de lhes passar o programa de treinamento. Junior era a melhor coisa que podia ter aparecido para Maria Inês, por causa dele, Angelina acordava Maria Inês ao telefone na hora que o galo cantava, para não perderem a hora. Angelina tinha se transformado na maior incentivadora, entusiasta, apaixonada por malhação, tudo graças a Júnior, um rapagão sarado, bronzeado, alto, sorriso perfeito e ótimo treinador.
As duas saiam da academia e iam tomar café na lanchonete do shopping, Inês parava nas vitrines de doces e quase que num impulso pedia a Torta Mousse de chocolate que amava, mas aí se lembrava do vestido e da promessa de caber dentro dele, lembrava-se também de sua última consulta com a nutricionista falando: “Isso não pode”!


Maria Inês malhava quase todos os dias, levava barrinhas de cereais na bolsa, trocou fast food por comida natural, aprendeu a fazer vários tipos de saladas, enchia o carrinho de supermercado de legumes, folhas, verduras.
Ela sabia que estava perdendo peso, suas velhas calças jeans já estavam servindo, se sentia bem mais enxuta e leve, mas não tinha coragem de experimentar o vestido, tinha pavor que ele poderia ainda não servir. Resolvera deixar para provar pouco antes do casamento, e para não correr o riso de ficar sem vestido, tinha alugado um que lhe vestia muito bem, mas não tinha nem o glamour, nem o charme, nem nada que chegasse perto do Azul Violeta.
Finalmente no dia do casamento, Maria Inês colocou os dois sobre a cama, estava ansiosa, apreensiva, aflita, agitada. Pensava em todo o esforço que tinha feito para caber num simples vestido, que loucura afinal, refletiu.
  Olhando-se no espelho, abriu o zíper do vestido, passou-o sobre sua cabeça que foi deslizando sobre seu corpo e se encaixando perfeitamente em suas formas. Fechou o zíper com facilidade e sorriu, o sorriso que vem da alma, que dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, sorriso de orgulho e satisfação pela missão cumprida, pela meta alcançada.  
Quando estava quase pronta, seu celular tocou, era Angelina:
- Inês, e aí? Serviu o vestido?
- Sim, ficou perfeito e ....não conseguiu terminar a frase, foi interrompida abruptamente por Angelina.
- Você não pode usar esse vestido, a mãe da noiva tá com um igualzinho. Estou aqui na casa de Isabella e acabei de ver, é idêntico.
- Como assim? A vendedora me disse que era exclusivo, que só tinha sido feito aquele tamanho P.
- Pois é, o da mãe da Isabella deve ser extra extra G, mas é irmão gêmeo.
- Aquela vaca daquela vendedora me paga!! Gritou Maria Inês já possessa de raiva.

Arrancou o vestido com fúria e nem ouviu o noivo que a aguardava a horas na sala bater a porta, Paulo tinha acabado de chegar da Itália, desde que ele havia chegado há dois dias,não tinham ainda tido tempo de namorar, ficar a sós, ele tinha vindo especialmente para o casamento.
Quando ele entrou Maria Inês estava nua, aos prantos.
- Que foi meu anjo? O que aconteceu? Então ele reparou em Maria Inês e suas novas  curvas.
-  Nossa Inês! Como você tá gostosa!! Tudo isso pra mim?
Maria Inês entre soluços se olhou no espelho e notou que na verdade toda aquela malhação tinha lhe deixado muito mais atraente, braços definidos, bumbum levantado, pernas torneadas, e a alimentação saudável resultaram em pele e cabelos brilhantes. Então Maria Inês meditou e disse:- Dane-se o vestido, não preciso mais dele agora.  E agradeceu sua amiga Isabella pelo convite, enquanto era agarrada pelo noivo, concluiu que só mesmo as melhores amigas nos fazem bem mesmo sem querer.

Espero que gostem!

Jaqueline Beloto

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